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    A  HISTÓRIA   PELAS   MARCHINHAS
 

(Artigo da jornalista e compositora Bete Bissoli publicado no jornal semanal A Tribuna de São Pedro, em 19/02/2010)

 

Nem só de confete, serpentina, cordões, vermute e lança-perfume eram feitos nossos antigos carnavais. Claro que sem música não há carnaval! O samba, DNA musical do Brasil, o frevo, o maracatu, a marcha-rancho e outros ritmos regionais sempre nos representaram muito bem, mas as marchinhas... Ah! As marchinhas! Elas foram peças fundamentais da festa!!! Mais que isso, fixaram-se no inconsciente coletivo do nosso povo mais que qualquer outro ritmo.

Elas chegaram ao Brasil no início do século passado, trazidas pelos portugueses, e se caracterizam pela mistura da marcha portuguesa com ritmos norte-americanos. O talento, a criatividade e malícia de nossos compositores se encarregaram de fazer o resto e, na década de 30, o gênero se consolidou.
Pra saber muito da história do Brasil, de política, políticos e de usos e costumes de 1920 até pelo menos 1960 é imprescindível ouvir marchinhas carnavalescas.

Poeticamente falando, é principalmente nesse repertório irônico, engraçado, espirituoso, mordaz, escrachado, esculhambador e implacável que está gravada a nossa história de pelo menos cinco décadas.
Mesmo tendo o Rio de Janeiro como berço, elas escreveram a crônica do dia-a-dia do brasileiro, foi delas a primazia de refletir uma época importantíssima e são elas que, na maior simplicidade, nos oferecem um grande aprendizado. Além de serem gostosíssimas de ouvir e de dançar.

Enquanto ritmo dançante, a marchinha carnavalesca é superdemocrática. Todos têm o direito de dançá-la, pois não é necessário saber dançar!

Não se aprende a dançar marchinha. Não é preciso... Cada um se expressa como quer, como sabe, como não sabe, como inventa! Pra dançar samba, frevo, tango ou qualquer outro gênero musical há que se aprender passos, movimentos, convenções. Na marchinha não... Basta fazer uso do espontâneo, mais nada. Pensando bem... Será por isso que a marchinha andou meio fora de circulação nos últimos tempos? Será que perdemos a simplicidade, a espontaneidade?

Não, não fiquem tristes: a marchinha carnavalesca tá voltando com força total e há um número expressivo de jovens, tanto em grandes como em pequenas cidades, que procura e curte os ambientes em que o gênero tem destaque.

Vai ver estamos recuperando o espontâneo e retomando a alegria perdida. Além do mais, o carnaval é uma festa tão democrática! Por que não abrir espaço para as marchinhas carnavalescas tanto quanto se abre para outras vertentes de nossa música popular como o samba, axé music, samba-reggae, etc?

Quem não se lembra, e quem não gosta, de “Mamãe Eu Quero” (Vicente Paiva/Jararaca); “A Jardineira” (Benedito Lacerda/Humberto Porto); “Pó de Mico” (Dora Lopes/Renato Araujo/A. Souza); “Me Dá Um Dinheiro Aí” (Homero Ferreira/Ivan Glauco); “Fantasia de Toalha” (Sacomani/Arrelia/Ercílio Consoni); “Índio Quer Apito” (H. Lobo/Milton de Oliveira); “Roubaram a Mulher do Rui” (José Messias); “Vai com Jeito” (João de Barro); “Transplante Corintiano” (Manoel Ferreira/Ruth Amaral/Gentil Júnior); “Joga a Chave Meu Amor” (João Roberto Kelly/J. Rui)?

Quem não brincou velhos e novos carnavais ao som de “Máscara Negra” (Pereira Matos/Zé Kéti); “Aurora” (Mário Lago/Roberto Riberti); “A Lua É dos Namorados” (Cavalcanti/Klécius Caldas/Brasinha); “Cachaça” (Mirabeau/L. de Castro/H. Lobato); “Turma do Funil” (Mirabeau/Milton de Oliveira/Urgel de Castro); “Me Dá um Gelinho” (Manoel Ferreira/Ruth Amaral) “Cabeleira do Zezé” (João R. Kelly/Roberto Faissal); “Alá-lá-ô” (Nássara/H. Lobo) e “Taí”, de Joubert de Carvalho?

O amor, o preconceito, a traição, as louras, morenas e mulatas, nomes de mulher, homenagens, profissões, falta de água, luz, tudo enfim que fez ou faz parte do nosso cotidiano já foi abordado à exaustão nas marchinhas, mas sempre mantendo a originalidade, simplicidade, graça e criatividade. Daí o encanto de suas letras.

Foi pensando nisso que selecionei algumas, entre milhares, e convido você para, juntos, observarmos o recado poético que elas nos mandam. Então, vamos lá?

A primeira marcha feita especialmente para carnaval foi “Ó Abre Alas”, uma marcha-rancho de Chiquinha Gonzaga, encomendada pelos foliões do Cordão Rosa de Ouro, em 1899. Essa música é importantíssima, pois antecipou em vinte anos a fixação desse gênero musical no Brasil: “Ó abre-alas que eu quero passar/Eu sou da Lira, não posso negar/Ó abre alas que eu quero passar/Rosa de Ouro é quem vai ganhar”.

O triângulo amoroso Colombina, Pierrô e Arlequim foi retratado por Noel Rosa e Heitor dos Prazeres com extraordinária veia humorística em “Pierrô Apaixonado”: “Um Pierrô apaixonado/Que vivia só cantando/Por causa de uma Colombina/Acabou chorando, acabou chorando!/A Colombina entrou no botequim/Bebeu, bebeu, saiu assim, assim/Dizendo: ‘Pierrô cacete! Vai tomar sorvete com o Arlequim!’/Um grande amor tem sempre um triste fim/Com o Pierrô aconteceu assim/Levando este grande chute/Foi tomar vermute com amendoim”.

As questões habitacionais sempre foram ótimo tema a ser enfocado por nossos compositores, como na espirituosa “Marcha do Caracol”, de Peter Pan/Afonso Teixeira: “Há quanto tempo não tenho onde morar/Se é chuva apanho chuva/Se é sol apanho sol/Francamente, pra viver nessa agonia/ Eu preferia ter nascido caracol/Levava a minha casa nas costas muito bem/Não pagava aluguel nem luvas a ninguém!/Morava um dia aqui, um outro acolá/Leblon, Copacabana, Madureira ou Irajá!”

“Pedreiro Waldemar”, de Roberto Martins/Wilson Batista, aborda o tema pelo lado do protesto social: “Você conhece o pedreiro Waldemar?/Não conhece, mas eu vou lhe apresentar/De madrugada toma o trem da circular/Faz tanta casa e não tem casa pra morar/Leva a marmita embrulhada no jornal/Se tem almoço, nem sempre tem jantar/O Waldemar, que é mestre no ofício/Constrói o edifício e depois não pode entrar”.

“Maria Candelária”, de Klécius Caldas/Armando Cavalcanti, satiriza funcionários públicos de alto escalão, hoje chamados de funcionários que têm QI (quem indica): “Maria Candelária é alta funcionária/Saltou de pára-quedas, caiu na letra ó, ó, ó, ó, ó!/Começa ao meio-dia/Coitada da Maria!/Trabalha, trabalha/Trabalha de fazer dó, ó, ó, ó, ó!/À uma, vai ao dentista/Às duas, vai ao café/Às três, vai à modista/Às quatro, assina o ponto e dá no pé!/Que grande vigarista que ela é!...”.

Depois de anos de ditadura, tempo em que era obrigatório pôr a foto do líder da nação na parede de todas as repartições públicas, em 1945 Getúlio Vargas foi deposto. As fotografias foram retiradas das paredes. Em 50, ele candidatou-se à presidência e venceu as eleições. As fotos voltaram aos seus lugares, daí o “Retrato do Velho”, de Haroldo Lobo/Marino Pinto: “Bota o retrato do velho outra vez/Bota no mesmo lugar/O sorriso do velhinho/Faz a gente trabalhar, oi!/Eu já botei o meu/E tu não vais botar?/Já enfeitei o meu/E tu vais enfeitar?/O sorriso do velhinho/Faz a gente se animar, oi!”

Já que estamos tratando de crítica política, vamos agora a uma marchinha que fala dos bajuladores e tem tudo a ver com o assunto: “Cordão dos Puxa-Sacos”, de Frazão e Roberto Martins, que diz: “Lá vem o cordão dos puxa-sacos, dando vivas aos seus maiorais/Quem está na frente é passado pra trás/E o cordão dos puxa-sacos cada vez aumenta mais/Vossa Excelência, Vossa Eminência/Quanta reverência nos cordões eleitorais/Mas se o doutor cai do galho e vai ao chão/A turma toda ‘evolui’ de opinião/E o cordão dos puxa-sacos cada vez aumenta mais”.

Não poderiam faltar na lista duas marchinhas que fizeram sucesso duas vezes, ao serem lançadas e, mais recentemente, quando foram temas de novelas da Rede Globo: “Sassaricando”, de Luiz Antônio/Zé Mario/Oldemar Magalhães, de sentido ambíguo, é uma delas: “Sá-sassaricando/Todo mundo leva a vida no arame/Sá-sassaricando/A viúva, o brotinho e a madame!/O velho, na porta da Colombo/É um assombro/Sassaricando/Quem não tem seu sassarico/Sassarica mesmo só/Porque sem sassaricar/Essa vida é um nó”.

“Cadê Zazá?”, de Roberto Martins/Ari Monteiro, fala de uma “dispensada” rápida e fulminante: “Cadê Zazá, cadê Zazá?/Saiu dizendo: ‘Vou ali e volto já’/Mas não voltou... Por quê? Por que será?/Cadê Zazá, Zazá, Zazá?/Sem ela vou vender o bangalô/Que tem tudo mas não tem o seu amor/Sem ela, pra que serve geladeira?/Pra que ventilador?/Pergunto, ninguém diz onde ela está/ Cadê Zazá, Zazá, Zazá?”.

“Maria Escandalosa”, composta por Klécius Caldas/Armando Cavalcanti, junta uma bem-humorada crítica comportamental com um quê de sensualidade: “Maria escandalosa/Desde criança sempre deu alteração/Na escola, não dava bola/Só aprendia o que não era da lição/Depois a Maria cresceu/Juízo que é bom encolheu/E a Maria escandalosa/É muito prosa, é mentirosa, mas é gostosa/Hoje ela não sabe nada/De história, de geografia/Mas seu corpo de sereia/Dá aulas de anatomia/Maria escandalosa/É muito prosa, é mentirosa, mas é gostosa”.

O duplo sentido também é marca de “Diabo sem Rabo”, de Haroldo Lobo/M. de Oliveira: “A minha fantasia é de diabo/Só falta o rabo, só falta o rabo/Eu vou botar um anúncio no jornal:/Precisa-se de um rabo pra brincar no carnaval/Já comprei lança, carapuça, comprei tudo/Até o pé-de-pato e a capa de veludo/Mas, que diabo! Puxa, puxa, que diabo!/Depois de tudo pronto eu notei que falta o rabo”.

“Papai Adão”, de Klécius Caldas/Cavalcanti, comenta de forma bem-humorada a supremacia feminina: “Papai Adão, papai Adão/ Papai Adão já foi o tal/Hoje é Eva quem manobra/E a culpada foi a cobra/Uma folha de parreira/Uma Eva sem juízo/Uma cobra traiçoeira/Lá se foi o paraíso/Hoje é Eva quem manobra/E a culpada foi a cobra”.

Nas questões político-econômicas, nada melhor que um recado desaforado aos norte-americanos com “Yes! Nós Temos Bananas” (João de Barro/Alberto Ribeiro): “Yes! Nós temos bananas/Bananas pra dar e vender/Banana, menina, tem vitamina/Banana engorda e faz crescer/Vai para a França o café/Pois é!/Para o Japão o algodão/Pois não!/Pro mundo inteiro/”Home”ou mulher/Bananas para quem quiser”.

“Cidade Maravilhosa”, de André Filho, é outro clássico do carnaval. Foi feita em 1934 e, até hoje, quando a orquestra ataca a introdução dessa marchinha, nos bailes de salão, os foliões já sabem que aquela noite carnavalesca está no fim. Além dessa marca tão importante “Cidade Maravilhosa” é considerada, com justiça, o hino oficial da cidade do Rio de Janeiro. E seu autor fez jus a essa escolha: “Cidade maravilhosa/Cheia de encantos mil/Cidade maravilhosa/Coração do meu Brasil/Berço do samba e das lindas canções/Que vivem n’alma da gente/És o altar dos nossos corações/Que cantam alegremente!/Jardim florido de amor e saudade/Terra que a todos seduz/Que Deus te
cubra de felicidade/Ninho de sonho e de luz”.​

Se o carnaval pode ser responsável por muitos amores desfeitos, ele também pode salvar grandes amores. Certamente ao som de “Bandeira Branca”, de Max Nunes/Laércio Alves, muitos casais ficaram de bem em um baile carnavalesco: “Bandeira branca, amor/Não posso mais/Pela saudade que me invade/Eu peço paz/Saudade, mal de amor, de amor/Saudade, dor que dói demais/Vem, meu amor/Bandeira branca, eu peço paz”.

Para fechar esta série de marchinhas tão representativas dentro da história musical brasileira, nada melhor que o “Hino do Carnaval Brasileiro”, composto por Lamartine Babo: “Salve a morena! A cor morena do Brasil fagueiro/Salve o pandeiro! Que desce o morro pra fazer a marcação/São, são, são, são quinhentas mil morenas! Louras, cor de laranja, cem mil/Salve, salve, meu carnaval Brasil/Salve a lourinha! Dos olhos verdes cor da nossa mata/Salve a mulata! Cor do café, a nossa grande produção!/São, são, são, são quinhentas mil morenas/Louras, cor de laranja, cem mil/Salve, salve, meu carnaval Brasil!”.

Um supercarnaval às galeras de todas as idades, com alegria, mas também muito cuidado para não estragar o carnaval de outras pessoas e nem seu próprio carnaval!

 

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     TRIBUTO   À   MARCHA-RANCHO

(Artigo   da   jornalista   e  compositora    ​Bete Bissoli   publicado   no   jornal    A  Tribuna  de  São Pedro  no Carnaval de 2011)

A história do carnaval brasileiro começa em 1835, portanto 176 anos atrás. Os bailes de salão, na época, eram ao som de xote, polca, valsa, quadrilha, mazurca, charleston, enfim, ritmos europeus que, com o tempo, foram abrasileirados.

Em 1907, na Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro, aconteceu o primeiro corso, em luxuosas carruagens. Ali começava a se esboçar o modelo para o atual carnaval de rua no Brasil.

É impossível falar dos festejos de Momo sem falar da compositora, pianista e maestrina carioca Chiquinha Gonzaga (1847/1935), e isso se justifica, pois ela compôs a primeira marcha carnavalesca, Ó Abre Alas, uma marcha-rancho feita em 1899, para o carnaval de 1900, especialmente para o cordão Rosa de Ouro, do Rio de Janeiro.

Chiquinha foi a primeira mulher a se destacar na nossa música popular. Em 70 anos de atividade artística fez cerca de 2 mil canções, principalmente para as 77 peças teatrais que musicou, e “passeou” por todos os gêneros musicais com extrema competência e talento.

Além de pioneira na produção carnavalesca, ela também é merecidamente considerada pioneira na emancipação feminina no Brasil, tendo sido a primeira mulher a reger uma orquestra em nosso país. Teve participação ativa no movimento pela libertação dos escravos, inclusive vendendo partituras de suas músicas, de porta em porta, para arrecadar dinheiro para a causa e, antecipando-se à Lei Áurea, chegou a comprar a liberdade de um escravo músico.

Batalhadora incansável, teve grande desempenho na campanha pela Proclamação da República, e no campo artístico não deixou por menos: é uma das fundadoras da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT), que se destina à proteção dos direitos autorais dos escritores.

Foi ela também quem criou e encabeçou a campanha para arrecadar fundos para construir uma nova sepultura para Francisco Manuel da Silva, autor da melodia do Hino Nacional Brasileiro (a letra é de Joaquim Osório Duque Estrada).

Chiquinha morreu na antevéspera do carnaval de 1935, aos 89 anos. Entre seus maiores sucessos estão Lua Branca, Corta-Jaca e Atraente sem contar naturalmente com Ó Abre Alas, música que se perpetuou, pois é mais que centenária (foi feita há 110 anos) e deu origem, alguns anos depois, à marchinha carnavalesca.

A marcha-rancho tem o mesmo compasso binário da marchinha mas, diferentemente desta, seu andamento é mais lento, cadenciado, e a linha melódica é mais elaborada. Enquanto as marchinhas, via de regra, têm letras curtas, a letra da marcha-rancho geralmente é mais longa e os temas melódicos e poéticos são mais dolentes. Certamente é o mais lírico dos gêneros carnavalescos.

A cantora e atriz Soraya Ravenle, intérprete de Pra Carmen, marchinha de minha autoria feita em homenagem a Carmen Miranda e campeã do concurso da Fundição Progresso/Fantástico (TV Globo), em 2007, participou como compositora no concurso do ano passado, com uma marcha-rancho intitulada Dançando o Mar. Vale a pena conferir a música no Youtube..

Este ano, eu também estou “estreando” em termos de marcha-rancho: fiz uma com o título Palhaços do Amor, que tem como pano de fundo Colombina, Arlequim e Pierrô, o triângulo amoroso mais famoso e tema recorrente em músicas de carnaval. Para ouvir a minha música acesse o You Tube.

Embalando paixões fulminantes, encontros, desencontros e reencontros, as marchas-rancho se eternizaram na memória e na alma do povo brasileiro. Vamos rever algumas delas, as consideradas obras-primas e clássicos do repertório carnavalesco.

Ó Abre Alas (Chiquinha Gonzaga): Ó abre alas que eu quero passar/Ó abre alas que eu quero passar/Eu sou da Lira, não posso negar/Ó abre alas que eu quero passar/Ó abre alas que eu quero passar/Rosa de Ouro é quem vai ganhar.

As Pastorinhas (João de Barro/Noel Rosa): A estrela d’alva/No céu desponta/E a lua anda tonta/Com tamanho esplendor/E as pastorinhas/Pra consolo da lua/Vão cantando na rua/Lindos versos de amor/Linda pastora/Morena, da cor de Madalena/Tu não tens pena/De mim, que vivo tonto com o teu olhar/Linda criança/Tu não me sais da lembrança/Meu coração não se cansa/De sempre e sempre te amar.

Estrela-do-Mar (Marino Pinto/Paulo Soledade): Um pequenino grão de areia/Que era um pobre sonhador/Olhando o céu viu uma estrela/E imaginou coisas de amor ô-ô-ô/Passaram anos, muitos anos/Ela no céu, ele no mar/Dizem que nunca o pobrezinho/Pode com ela encontrar./Se houve ou se não houve alguma coisa entre eles dois/Ninguém soube até hoje explicar/O que há de verdade é que depois, muito depois/Apareceu a estrela-do-mar.

Máscara Negra (Zé Kéti/Hildebrando Matos): Tanto riso/Oh, quanta alegria/Mais de mil palhaços no salão/Arlequim está chorando pelo amor da Colombina/No meio da multidão./Foi bom te ver outra vez/Tá fazendo um ano/Foi no carnaval que passou/Eu sou aquele Pierrô/Que te abraçou/Que te beijou, meu amor/Na mesma máscara negra que esconde teu rosto eu quero matar a saudade/Vou beijar-te agora/Não me leve a mal/Hoje é carnaval.

Bandeira Branca (Max Nunes/L. Alves): Bandeira branca, amor/Não posso mais/Pela saudade que me invade/Eu peço paz./Saudade, mal de amor, de amor/Saudade, dor que dói demais/Vem meu amor/Bandeira branca/Eu peço paz.

A Lua é dos Namorados (Klécius Caldas/Armando Cavalcanti): Todos eles estão errados/A lua é dos namorados/Todos eles estão errados/A lua é dos namorados/Lua, oh lua/Querem te passar pra trás/Lua, oh lua/Querem te roubar a paz/Lua que no céu flutua/Lua que nos dá luar/Lua, oh lua/Não deixe ninguém te pisar.

Até Quarta-Feira (Humberto Silva/Paulo Sette): Este ano não vai ser igual àquele que passou/Eu não brinquei/Você também não brincou/Aquela fantasia que eu comprei ficou guardada/E a sua também ficou pendurada/Mas este ano, tá combinado/Nós vamos brincar separados/Se acaso meu bloco encontrar o seu/Não tem problema, ninguém morreu/São três dias de folia e brincadeira/Você pra lá, eu pra cá/Até quarta-feira/Lá, lá, lá, lá, lá, lá/Lá, lá, lá, lá, lá, lá/Lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá.

Confete (David Nasser/Jota Júnior): Confete, pedacinho colorido de saudade/Ai, ai, ai, ai/Ao te ver na fantasia que usei/Confete, confesso que chorei./Chorei porque lembrei o carnaval que passou/Aquela Colombina que comigo brincou/Ai, ai, confete/Saudade do amor que se acabou.

Rancho da Praça Onze (J. R. Kelly/Francisco Anísio): Esta é a Praça Onze tão querida/Do carnaval, a própria vida/Tudo é sempre carnaval/Vamos ver desta praça a poesia/E sempre em tom de alegria/Fazê-la internacional./A praça existe/Alegre ou triste/Em nossa imaginação/A praça é nossa/E como é nossa/No Rio quatrocentão./Este é o meu Rio boa praça/Tantas praças que ele tem/Vamos, da zona norte à zona sul/Deixar a vida toda azul/Mostrar na vida o que faz bem/ Praça Onze, Praça Onze.

A Lua É Camarada (Klécius Caldas/Armando Cavalcanti): A noite é linda nos braços teus/É cedo ainda pra dizer adeus/A noite é linda nos braços teus/É cedo ainda pra dizer adeus/Vem, não deixes pra depois, depois/Vem, que a noite é de nós dois, nós dois/Vem, que a lua é camarada/Em teus braços quero ver/O sol nascer.

Malmequer (Newton Teixeira/Cristóvão de Alencar): Eu perguntei a um malmequer/Se meu bem ainda me quer/E ele então me respondeu que não/Chorei, mas depois eu me lembrei/Que a flor também é uma mulher/Que nunca teve coração./A flor mulher/Iludiu meu coração/Mas, meu amor/É uma flor ainda em botão/O seu olhar/Diz que ela me quer bem/O seu amor/É só meu, de mais ninguém!

Dama das Camélias (João de Barro/Alcyr Pires Vermelho): A sorrir você me apareceu/E as flores que você me deu/Guardei no cofre da recordação/
Porém, depois você partiu/Pra muito longe e não voltou/E a saudade que ficou/
Não quis abandonar meu coração/A minha vida se resume/Ó, Dama das Camélias/
Em duas flores sem perfume/ Ó Dama das Camélias.

Primavera no Rio (João de Barro): O Rio amanheceu cantando/Toda a cidade amanheceu em flor/E os namorados vêm pra rua em bando/Porque a primavera é a estação do amor./Rio, lindo sonho de fadas/Noites sempre estreladas e praias azuis./Rio, dos meus sonhos dourados/Berço dos namorados/Cidade da Luz/Rio, das manhãs prateadas/Das morenas queimadas ao brilho do sol/Rio, é cidade desejo/Tens a ardência de um beijo em cada arrebol.

Rasguei Minha Fantasia (Lamartine Babo): Rasguei a minha fantasia/O meu palhaço cheio de laço e balão/Rasguei a minha fantasia/Guardei os guizos no meu coração/Fiz palhaçada o ano inteiro sem parar/Dei gargalhada com tristeza no olhar/A vida é assim, a vida é assim/O pranto é livre, eu vou desabafar/Tentei chorar, ninguém no choro acreditou/Tentei amar e o amor não chegou/A vida é assim, a vida é assim/Comprei uma fantasia de Pierrô.

Seguindo os passos de Ó Abre Alas, um incontável número de belíssimas marchas-rancho foi surgindo. A maior parte dos compositores tem em seu repertório pelo menos uma música no gênero. E o melhor de tudo: elas continuam vivas, dentro ou fora dos festejos carnavalescos.

Alguns outros exemplos que se fixaram na memória dos amantes desse estilo musical são: Estão Voltando as Flores (Paulo Soledade); Rancho das Namoradas (Ary Barroso/Vinicius de Moraes); Marcha da Quarta-Feira de Cinzas (Vinicius de Moraes/Carlos Lira); Rancho das Flores (J. S. Bach/Vinicius de Moraes); Bloco da Solidão (Evaldo Gouveia/Jair Amorim); O Trovador (idem); Rancho da Goiabada (João Bosco/Aldir Blanc); Porta Estandarte (Geraldo Vandré/Fernando Lona); Noite dos Mascarados (Chico Buarque); Avenida Iluminada (Newton Teixeira/Brasinha);  Cidade Brinquedo (Silvino Neto/Plínio Bretas); Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua (Sérgio Sampaio) e A Praça (Carlos Imperial).

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OUÇA

MARCHINHAS DE CARNAVAL DE

BETE BISSOLI

Marcha-rancho PALHAÇOS DO  AMOR

(Bete Bissoli)

Voz e teclado: Moacyr e Sandra

Marchinha MISTUREBA

(Bete Bissoli)

Voz e teclado: Moacyr e Sandra

Ilustrações da Página: Edna Bissoli

Marchinha QUERO FICAR 

(Bete Bissoli)

Voz e teclado: Moacyr e Sandra

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